O Hip Hop foi um produto de uma era extremamente politizada, ainda que as narrativas fortes de opinião, que se enraizaram nas nossas referências de base tenham desaparecido e ao longo dos anos tenham sido ofuscadas por aquilo a que gosto de chamar Hip Pop… Mas poderá haver uma mudança? Tenho-me apercebido que há apesar de tudo uma valorização dos rappers com substância, discurso informado e que se preocupam com o que se passa no mundo.
Se por um lado sempre tivemos rappers politizados como Immortal Technique, que optou por não seguir o caminho comercial, o regresso em 2011 do rapper Common foi gigante e exemplificou a necessidade que o público tinha de um liricismo intelectual. A valorização de rappers como Pharoahe Monch, Talib Kweli, Common e mais recentemente Kendrick Lamar, que recebeu imensa atenção em 2011, fazem-nos voltar aos primórdios deste género e lembram-nos da importância da música enquanto ferramenta para expressar os nossos pontos de vista.
O álbum “Section.80”, de Kendrick Lamar, é um dos meus álbuns favoritos do último ano e o favorito de muitos a julgar pelo seu sucesso nos tops. Os seus comentários de cariz social e as suas letras abordam os assuntos e dificuldades de uma geração em luta.
No Reino Unido os sons politizados de Lowkey ou de Akala, acabaram por dar à sua música um passaporte para o estrangeiro. Lowkey, que é também um activista político, que aparece recorrentemente nos media a expressar a sua opinião acerca de assuntos actuais, usa a sua música como mais uma plataforma para transmitir os seus conscientes pontos de vista.
O seu álbum de 2011, “Soundtrack to the Struggle”, não é apenas hip hop de qualidade, mas também um relato de factos que vão desde o colonialismo do século XVI até às ocupações dos dias de hoje, identificando a sua necessidade de informar aqueles que o ouvem e apelando-os a pensar como activistas. Ao colaborar com rappers internacionais de destaque, na mesma linha de pensamento, tais como Immortal Technique ou M1, o atravessar de fronteiras permitiu a Lowkey ser uma forte representação do Reino Unido na cena do rap socialmente consciente.
Sendo que o resto de 2012 nos deverá trazer mais um ano de corrupção, invasões, motins e revoluções que já testemunhámos no último ano, é bom assistir a uma maior valorização dos rappers que disparam conhecimento e consciência social.
Gata Malandra
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